terça-feira, 30 de março de 2010

Duas notas, só.

Em dias oscilo
Por noites vicio-me,
Enxergo e sigo,
perdida.

Por não saber bem
Meu querer
Por não bem querer
O (quando) saber.

Em dias, oscilo
Vicio-me nos sons, nas noites,
Exergo-me
E sem sol, sem luz, sigo.

Por dias.

Dorme.
Ao menos por duas horas, te peço
Dorme.

Dorme,
E vê assim, se foges
Dessas mulheres que te atormentam
E impiedosamente te tentam,
Vai, menina, dorme.

Vai para longe,
Desliga-te e dorme.
(e)
Vê se reencontra
Aquela pureza que tinha nos sonhos.

Pelo o amor de Deus, menina, dorme.
Que esse teu tormento já me tira a paciência
E essa tua dor insone me deixa indefesa
E perante tuas lágrimas de cansaço, me desarmo
(e) emploro-te:

Menina, dorme.

domingo, 28 de março de 2010

Jogo de F.

Cala-te perante a mim e não mais te enxergo
Há muito não me enxergas, nem mais me procura.
Foges e finges e mentes
Não me traga mais.

Fujo de ti, finjo e minto,
Mas, se fujo de ti, fujo de mim
E me perco em bocas alheias
Sem gosto, sem dor.

Foges de mim, finges em mim,
E assim me entrego a ti, com gosto, com dor.
Mas há muito não me enxergas,
Mas há muito te procuro.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sorri(a)

Sorria.
Em meio a um leve desespero, sorria
Por um (não tão) breve instante
Esquecia de tudo que os complicara
E por uma onomatopéia estúpida,
Sorria.

Era tão grande o que a pequena o representava
Que ainda que doesse, o estimulava
E, mesmo em meio a dor,
Sorria.

Doia sim, o descaso da tal moça
E sua ausência, ah, esse era o que mais doia
Mas a lembraça de um beijo único
Trazia-o uma paz incontestável
E, como ao vê-la,
Sorria.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Primeiro Ato.

Primeiro ato
Vazio ou cheio, entra em cena
Geme, mas não seria dor
Mas não se vê prazer

Grita, por excitação,
De excitação

Primeiro ato
E é realmente a primeira
(e) Oculta
Na mesma cena que machuca, beija
E ao que trocam as luzes
Oscilam os lábios,
Oscilam as mão,
Mas permanece o desejo.

Mas em nada,
Mas por nada,
Cessa o desejo.

Em fá.

Me encontra
Como uma sonata de outono, me encontra
E aquela voz me entra tal
Qual os graves de um cello

Me escreve, em linhas roubadas
O que eu esperava ouvir
E ludibria-me com uma falsa luxúria
Qual me trará o tal fim

Confundem-me gritos e sussurros
E me misturam os instintos
E me excitam
E me reprimem
E me excitam
E me tragará o fim.

A C.

Dia.
Opõe-se o fato às idéias
Há confusão atípica de minhas
E, inconscientemente, me leva ao
Dia.

Sai o sol, mas ainda assim, dia
E com a luz permanece a mais sutil malícia
E um desejo volupstuoso
Tão insaciável quanto o tão bem dito
Dia.

quarta-feira, 17 de março de 2010

do Ser.

Oscilo
Vou-me-volto, nada.
De todas as antagonias e agonias
(de que) tenho provado;
nada.

nenhuma me vem, por si
não me buscam, nem me vêem.

-insisto:
há um sofrer
pela falta do que sofrer,
uma dor criada,
como o pequeno que cisma por atenção
com uma enfermidade qualquer.

oscilo:
não me enxergo
me dói não saber ser
do ser.

há um não sei o que
de não sei quem ser no olhar
e um estômago doído
junto com uma boca, que grita:
oscilo.

Ânsia

Sede
fora da boca,
dentro dos dedos,
sede

ansiedade indiscreta;
mal descrita
que desorganiza o que organisa as ideias
e
redescobre o clichê

ânsia
pelo o qual, pelo quem
a mim
pelo qual, pelo quem

sede
não cessa,
(nem a) falta
não cessa.