sábado, 3 de julho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pálida

... e mesmo que se passassem os meses
Não passava em nada o encanto
Mesmo que em todas as (ex)quinas a mal falassem
E todos os semáforos alertassem
Só acelerava, vestida de olheiras e sangue.

A re-vestia,
E era rubro, visceral
E era intenso e imenso e quente;

Ah, mas era tão pequena
Não parecia caber
E nem cabia, por deixar transparecer
Sem delongas (as demoras).

E a cada dia cresciam outras noites.

Tentava cegamente adequar-se
E mais e mais, frustrava-se
E nem mais tragava-se
Por não ver perto,
O fim.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Heaven can wait.

Ia reto, por pouco, ia reto, salvo umas pequenas curvas, pouco abaixo do pescoço, alí, onde chamaram de seios.

Olhava, corria, e se não fosse aquelas pequenas curvas, talvez, nunca tivesse diminuído o ritmo. Cada batida era um tempo a menos: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito; um, dois... Tentava sincronizar seu tempo de corrida e freio de acordo com aquilo, mas, mesmo as curvas só a puxavam mais e mais pra perto da pequena reta.

Botões pretos, um jeans colado e suor, era tudo que a ocasionalidade da reta a dava para vestir.

Curvas, buracos, um vestido bordado e o coração cheio.

Ah, essa estrada era alvo certo e fácil. Tão já machucada pela tal reta que a cruzara em velocidade, mas constante, mesmo que desintencionalmente.

Mas não havia jeito, era só ver a tal reta de botões pretos, que se fazia chover, que se fazia sol, tudo de uma vez, na de vestido bordado.

E, mesmo que aquela reta a corta-se com velocidade, não a doía mais, agora que tinha certeza que se encontrariam em um ponto, e daquele ponto em diante, serão uma só reta esburacada.


sábado, 10 de abril de 2010

Menos.

Suplico:
-um pouco menos de sufoco, seu moço.
Suplico: -por um
Carpe diem bem configurado

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Por enquanto.

Reclama o ser-só.
(mas) Naquela boca
Nada mais amarga que
(o gosto de) Dever.

Passa por tempos
Com arrependimentos súbitos
Por não ter forçado a viver

-Amargo.

Parecia que: -só sem açucar, há afeto,
E seria um sabor a mais
Para (parar) o que era doce.

E, em qualquer olhar viria:
-E dessa vez, moço, o que vai ser?
-Mais um café, e dessa vez:
Que seja doce.

Sal.

Escolher ficar só
Quando em um mar que transborda e seca,
Por ti,
Por noites,
Por mares,
Dói.

Mas não dói de ver doer,
Dói de não sentir constância
Nem em ti,
Nem em noites,
Nem em mares.

Nem sequer um peixe,
Tudo que se tem:
Sal, que transborda, que seca;
Em ti,
Em noites,
Em mares,
Em mim.

terça-feira, 6 de abril de 2010

E, até que finalmente.

E, até que finalmente me voltam
Aquelas que jamais me foram
E não só me voltam,
Como trazem -o que há de causar- paz.

Era de sentir, finalmente se permitia sentir
Uma euforia de gosto quase mortal
E o que havia de folia
Desdenhava do que aspirava a hostil.

Eletrisava-se
E era de pasmar o que
Aquelas que nunca (me) foram, me
Traziam.

E me buscavam no íntimo
E me tocavam no sexo
E me traziam os berros
E desdenhavam o hostil,
E fim.

terça-feira, 30 de março de 2010

Duas notas, só.

Em dias oscilo
Por noites vicio-me,
Enxergo e sigo,
perdida.

Por não saber bem
Meu querer
Por não bem querer
O (quando) saber.

Em dias, oscilo
Vicio-me nos sons, nas noites,
Exergo-me
E sem sol, sem luz, sigo.

Por dias.

Dorme.
Ao menos por duas horas, te peço
Dorme.

Dorme,
E vê assim, se foges
Dessas mulheres que te atormentam
E impiedosamente te tentam,
Vai, menina, dorme.

Vai para longe,
Desliga-te e dorme.
(e)
Vê se reencontra
Aquela pureza que tinha nos sonhos.

Pelo o amor de Deus, menina, dorme.
Que esse teu tormento já me tira a paciência
E essa tua dor insone me deixa indefesa
E perante tuas lágrimas de cansaço, me desarmo
(e) emploro-te:

Menina, dorme.

domingo, 28 de março de 2010

Jogo de F.

Cala-te perante a mim e não mais te enxergo
Há muito não me enxergas, nem mais me procura.
Foges e finges e mentes
Não me traga mais.

Fujo de ti, finjo e minto,
Mas, se fujo de ti, fujo de mim
E me perco em bocas alheias
Sem gosto, sem dor.

Foges de mim, finges em mim,
E assim me entrego a ti, com gosto, com dor.
Mas há muito não me enxergas,
Mas há muito te procuro.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sorri(a)

Sorria.
Em meio a um leve desespero, sorria
Por um (não tão) breve instante
Esquecia de tudo que os complicara
E por uma onomatopéia estúpida,
Sorria.

Era tão grande o que a pequena o representava
Que ainda que doesse, o estimulava
E, mesmo em meio a dor,
Sorria.

Doia sim, o descaso da tal moça
E sua ausência, ah, esse era o que mais doia
Mas a lembraça de um beijo único
Trazia-o uma paz incontestável
E, como ao vê-la,
Sorria.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Primeiro Ato.

Primeiro ato
Vazio ou cheio, entra em cena
Geme, mas não seria dor
Mas não se vê prazer

Grita, por excitação,
De excitação

Primeiro ato
E é realmente a primeira
(e) Oculta
Na mesma cena que machuca, beija
E ao que trocam as luzes
Oscilam os lábios,
Oscilam as mão,
Mas permanece o desejo.

Mas em nada,
Mas por nada,
Cessa o desejo.

Em fá.

Me encontra
Como uma sonata de outono, me encontra
E aquela voz me entra tal
Qual os graves de um cello

Me escreve, em linhas roubadas
O que eu esperava ouvir
E ludibria-me com uma falsa luxúria
Qual me trará o tal fim

Confundem-me gritos e sussurros
E me misturam os instintos
E me excitam
E me reprimem
E me excitam
E me tragará o fim.

A C.

Dia.
Opõe-se o fato às idéias
Há confusão atípica de minhas
E, inconscientemente, me leva ao
Dia.

Sai o sol, mas ainda assim, dia
E com a luz permanece a mais sutil malícia
E um desejo volupstuoso
Tão insaciável quanto o tão bem dito
Dia.

quarta-feira, 17 de março de 2010

do Ser.

Oscilo
Vou-me-volto, nada.
De todas as antagonias e agonias
(de que) tenho provado;
nada.

nenhuma me vem, por si
não me buscam, nem me vêem.

-insisto:
há um sofrer
pela falta do que sofrer,
uma dor criada,
como o pequeno que cisma por atenção
com uma enfermidade qualquer.

oscilo:
não me enxergo
me dói não saber ser
do ser.

há um não sei o que
de não sei quem ser no olhar
e um estômago doído
junto com uma boca, que grita:
oscilo.

Ânsia

Sede
fora da boca,
dentro dos dedos,
sede

ansiedade indiscreta;
mal descrita
que desorganiza o que organisa as ideias
e
redescobre o clichê

ânsia
pelo o qual, pelo quem
a mim
pelo qual, pelo quem

sede
não cessa,
(nem a) falta
não cessa.